segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eu cometi um ato de crueldade.
Eu já falei aqui da minha (des)estrutura familiar e de todas as implicações emocionais que isso tem na minha vida. Falei das cobranças que recebo e das cobranças que me imponho por tudo o que aconteceu.
Hás dias fiquei sabendo que a minha "mãe" biológica andou aprontando lá em Lá-longistão e que tinha dado trabalho à minha irmã do meio, que havia dado à luz naquela semana. Pensei que, inevitavelmente, mais dia menos dia ela ia me ligar. A estratégia dela, consciente ou não, é tentar reverter todas as situações em seu favor.
Há dias ela está me mandando mensagens pelo celular, certamente esperando que eu ligue de volta; na verdade, por muito tempo eu fiz isso, mas desta vez não.
Hoje ela telefonou. Fez um puta drama, dizendo-se injustiçada "pelas pessoas que tiraram as filhas dela". Oi? Tiraram? Na verdade, as corajosas pessoas que nos aceitaram o fizeram meio que por falta de opção; você acorda de manhã tem uma criança sentada na sua área de serviço e você faz o quê? Chama o carteiro e diz que ele entregou a encomenda na casa errada?
Bom, sei que eu perdi a paciência. Estou de saco cheio e fiz questão de dizer isso. Falei para ela parar de me ligar porque eu estava precisando de ficar sozinha e de silêncio. Disse que eu tinha problemas e ninguém ligava para me perguntar como eu estava. Encerrei o assunto e desliguei o telefone.
Puta merda. Tem mais de 25 anos que ela se esforça sistematicamente para me tirar do sério, para bagunçar meus sentimentos, para revirar minha cabeça. Fiquei mais puta ainda e mandei uma mensagem imensa, dizendo para ela parar com esse drama e ir viver a vida dela. Se, quando éramos pequenas, ela não deu conta da tarefa de cuidar de nós, outras pessoas deram, mas ela tinha a obrigação de parar de revirar isso. Para nós, mais de 25 anos depois, isso não importa mais. Nós temos o direito de viver sem ter o nosso passado revirado o tempo todo, por quem quer que seja.
Eu nem sei porque escrevi isso aqui, e também não sei se vou deixar ou se vou apagar. Eu também sei que fui cruel, mas eu tenho limites.

2 comentários:

Rozzana disse...

Todos nós temos os nossos limites. Beijo, querida.

cks disse...

não acho que foi cruel, não.
as pessoas aprontam um monte e ainda se fazem de vítimas.
tem que falar as verdades, pra ver se a ficha cai.