sexta-feira, 15 de abril de 2011

Hoje no almoço, eu, Mr. Marido e um amigo discutíamos, como especialistas que não somos, o caso do atirador de Realengo e daí os rapazes disseram que viram na TV vídeos e outras coisas produzidas por ele.

Quando meu irmão esteve internado num hospital psiquiátrico por causa de um surto provocado por transtorno bipolar, eu e Mr. Marido presenciamos uma senhora idosa, pobre e triste, procurando ajuda na secretaria do hospital pois sua filha estava em crise, quebrando a casa inteira e ela não tinha meios, forças ou condições de interná-la à força.

A conclusão a que chegamos, depois de comentar essas duas histórias, é que não se tratava de um bandido, monstro ou animal, mas uma pessoa com sérios problemas mentais e afetivos, que não teve ajuda profissional adequada e virou aquela máquina de matar. Do mesmo modo, a filha da senhora que chegou à secretaria do hospital não era uma marginal ou vagabunda, mas alguém com uma alteração mental grave que precisava de atendimento.

O Brasil avançou bastante nos últimos 10, 15 anos nas políticas básicas de saúde, porém nem começou a engatinhar nas ações de promoção e tratamento da saúde mental. Não existem hospitais psiquiátricos públicos (eu digo hospitais, e não depósitos de gente) ou tratamentos específicos e adequados para portadores das várias enfermidades mentais que podem nos acometer, de uma hora para outra, como aconteceu com o meu irmão.

Minha tristeza está relacionada justamente com as consequências disso tudo: um rapaz jovem, com toda a vida pela frente, que tirou a vida de 12 crianças inocentes e que, por fim, será enterrado como indigente.

Vamos refletir.

2 comentários:

Pode ser pra dois disse...

adrina, querida.

acho essa discussão tão relevante! dr. marido está vivendo esta realidade, mas do outro lado da maca.

ele me mandou um texto lindo sobre o caso de realengo, olha só:

Não foi o revólver que atirou em Realengo, foi a cabeça do atirador. http://bit.ly/hKOqHx

um beijo maior que tem,
priscila.

Anônimo disse...

Concordo, Adrina. É fácil as pessoas saírem traçando um pseudo-perfil do atirador sem tentar ligar todos os pontos da equação. O estado da saúde pública em termos de saúde mental neste país ainda é uma lástima. Outro dia vi a entrevista com um neurologista alertando para as mesmas péssimas condições da saúde pública, mas com relação às doenças degenerativas comuns na velhice, como Parkinson e Alzheimer. Pelo visto, são muitas as frentes que carecem de maior cuidado e atenção.
bjk
Mônica
@madamemon