sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Outro dia eu estava pensando com meus botões sobre a população de rua.
Um rapaz me abordou na saída do prédio onde eu trabalho; estava enrolado num cobertor imundo, vestido com roupas também imundas. Foi educado, disse para eu não ter medo dele, ele não ia me roubar. Pediu R$ 3 para tomar banho na rodoviária, disse que estava sujo e que queria lavar as roupas.
Eu perguntei o nome dele (Joel) e quantos anos ele tinha (17); perguntei também cadê a casa dele, a família. Ele me deu uma resposta confusa, disse que o Conselho Tutelar tinah tirado ele de lá por causa de maus tratos, mas também não soube explicar o que estava fazendo na rua. Dei R$ 5 pra ele, disse que ele tinha que voltar pra casa, provavelmente lá era melhor que dormir na calçada.
Eu sei que a probabilidade de ele estar mentindo é imensa. Sei também que ele pode usar o dinheiro para comprar uma pedra de crack. Contudo, também sei que ele pode estar dizendo a verdade, e é uma hipótese que eu prefiro considerar.
Eu já trabalhei atendendo pessoas vítimas de violência; maus tratos físicos e psicológicos, abuso sexual, nada disso mais me espanta. Porém, a situação da população de rua me incomoda e me intriga.
O que essas pessoas estão fazendo na rua? Onde está a família delas? Como comem? Como fazem sua higiene? O que fazem com os filhos? Eu penso, penso, e fico a cada dia mais intrigada e incomodada. Colocar a culpa no poder público é muito fácil, claro, e a minha consciência me pergunta o que eu posso fazer para tentar resolver isso.

Um comentário:

cks disse...

o centro de sampa é forrado deles. logo cedo, já estão doidões.
minha irmã trabalhou perto de um albergue de mendigos. pra dormirem lá, eles tinham que tomar banho e trocar de roupa. ela disse que muitos não iam pro albergue, justamente por isso.
contou que tinha um velhinho que dormia no albergue e durante o dia, ficava sentado na calçada, tomando sol. ficava assim o dia todo, até dar a hora de ir pro albergue. daí, uma vez, a família dele foi buscá-lo, só que ele não foi nem a pau. parece que a mulher o traiu uma vez e qdo descobriu, foi viver na rua, de puro desgosto.
outro, o Bahia (ninguém sabia o nome dele) morreu na rua, o encontraram enrolado nos trapos com os dois cachorros deitados ao lado dele.
deu muita pena.