Hoje no almoço, eu, Mr. Marido e um amigo discutíamos, como especialistas que não somos, o caso do atirador de Realengo e daí os rapazes disseram que viram na TV vídeos e outras coisas produzidas por ele.
Quando meu irmão esteve internado num hospital psiquiátrico por causa de um surto provocado por transtorno bipolar, eu e Mr. Marido presenciamos uma senhora idosa, pobre e triste, procurando ajuda na secretaria do hospital pois sua filha estava em crise, quebrando a casa inteira e ela não tinha meios, forças ou condições de interná-la à força.
A conclusão a que chegamos, depois de comentar essas duas histórias, é que não se tratava de um bandido, monstro ou animal, mas uma pessoa com sérios problemas mentais e afetivos, que não teve ajuda profissional adequada e virou aquela máquina de matar. Do mesmo modo, a filha da senhora que chegou à secretaria do hospital não era uma marginal ou vagabunda, mas alguém com uma alteração mental grave que precisava de atendimento.
O Brasil avançou bastante nos últimos 10, 15 anos nas políticas básicas de saúde, porém nem começou a engatinhar nas ações de promoção e tratamento da saúde mental. Não existem hospitais psiquiátricos públicos (eu digo hospitais, e não depósitos de gente) ou tratamentos específicos e adequados para portadores das várias enfermidades mentais que podem nos acometer, de uma hora para outra, como aconteceu com o meu irmão.
Minha tristeza está relacionada justamente com as consequências disso tudo: um rapaz jovem, com toda a vida pela frente, que tirou a vida de 12 crianças inocentes e que, por fim, será enterrado como indigente.
Vamos refletir.